domingo, 14 de março de 2010

chamo a tua sombra na noite,
como um desejo escondido sob os lençóis.
o teu silêncio, espero-o para me acalmar as palavras
guardadas há tanto tempo no fundo de uma gaveta
para que tu, viajante sem rumo, as tomes
e com elas teças o caminho de mais uma
dessas viagens que sempre acabam na linha do horizonte .

posso nunca saber o teu nome.
posso querer-te mesmo sem te querer.
que essa paixão que o vento carrega,
que as marés trazem no medonho das ondas
não é mais que a saudade que se tranca
sob o tecto de quem te vê, de novo, partir.
que se arraste nas brumas que dormem sobre o mar
este amor que me consome e é tão só,
como só está a cama em que esqueces as tempestades.

nunca te perguntaste nas tuas viagens,
oh, estranho viajante, de quem eram as lágrimas
que o teu barco pisava quando eram outras
as rotas do teu destino?
nunca te perguntaste de quem eram os gritos
que pareciam surgir do fundo do mar
como se as marés aniquilassem um resto
de vida presente num corpo?


espero um anúncio de ti sob o mar.
aqui, na orla da praia,
enquanto as ondas se desdobram na saudade
sou a silhueta distorcida que tempo apagou.
um corpo, um raio de luz.

o teu farol.

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