terça-feira, 28 de abril de 2009

não tem título.

secassem por vezes os pecados insconscientes que brotam da mente como avalanches de momentos que ficam a assobiar bem junto do ouvido. canções tristes essas em que o corpo ousa esconder nas palavras. esses momentos que nunca existem sem ser nesse extâse mental que guardamos num suspiro.
queria eu, hoje dormir debaixo de um céu estrelado,para esquecer as impossibilidades inscritas nas minhas mãos. pudessem elas escorrer por esse rio de mágoas e desaguarem em mares de ninguém. assim esqueciam-se de mim como o tempo se esqueceu delas.seria bom...

apenas... fechar os olhos por um momento.

sábado, 25 de abril de 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

sonhos de papel.


Lembro-me das janelas, como estavam embaciadas nesse dia. A chuva fazia-se sentir lá fora, acumulava-se em pequenas quedas nas folhas das árvores. Lá fora era névoa e vazio. E se todo aquele nada não mexesse comigo não teria visto aquele pequeno barco. Era um barco de papel coberto com as mensagens mais bonitas. Mudavam consoante o pensamento, atropelavam-se para justificar as críticas e entimidavam-se para sorrirem apenas aos carinhos. Via-o poucas vezes, que as viagens escreviam o seu nome nas margens, como um corpo de ninguém que vagueia para preencher as almas sozinhas. Esperava-o de braços apoiados na janela, e cada dia que passava sem as suas palavras era como um inverno gelado sem o calor de uma lareira. Pensava muita vezes nessa paixão pelo barco de papel, por esse universo de palavras que aparecia quando tudo parecia fugir... O papel preocupava-me. Era tão frágil, desfazia-se a cada despedida e deixava as palavras morrerem no lago, como os últimos suspiros de quem tinha mais para dizer. Ficam-se os sonhos nas margens para mais tarde se contarem a quem precisa de uma história para adormecer.
O barco nunca mais voltou e o rio que se tornou seu amante congelou para não deixar que outras palavras corressem no seu corpo.


[fotografia e texto por Daniela Morgado]

sexta-feira, 10 de abril de 2009

escrevo com saudades o teu nome nos lençóis.

domingo, 5 de abril de 2009

flutuo.


Sinto arrepios na espinha à medida que o fumo se enrola nas palavras. Os entraves do disco que toca mostram o excesso de uso e quebram o raciocínio. É como se por breves instantes, tudo realmente parasse.
Nesse buraco negro de tempo, não me alongo a dar nomes às sensações, possuo o instante que morre com o regresso da música. Sons distorcidos que tornam abstractos os caminhos. Desmancho-me no auge, nesse cume de loucura que acorda os sentidos e nos faz saborear que estamos vivos. Não salto, que é cedo demais para despertar. Mas ouço ao fundo os relógios da rotina que exigem o regresso.
Por um instante, por este mero instante quero partir. Muralhas do consciente; pudesse eu ser livre de todas essas lógicas e moralidades complexas. Morressem todos os porquês num simples gesto... Fossem fáceis todos os pretextos e todas as vontades que não passam de vontades...

Fecho os olhos, deixo-me ir com a música. Flutuo...


[ao som do dvd de pink floyd - pulse]

quinta-feira, 2 de abril de 2009

estranhos.

Se me ensinares o teu nome
prometo que os meus lábios
guardarão segredo.

Seremos cúmplices de uma mentira
que o tempo ousou prolongar.

despertar.


Gosto do acordar lento. Do arrastar dos corpos nos lençóis que fazem a manhã desaparecer em horas tardias. Ainda se sentem restos da noite anterior na mente... Limpam-se com o sol que rasga as frechas na janela.
Depois, o café no parque que deixa a boca lambuzada de sorrisos e conversas.
O tempo não existe aqui.
Texto e Fotografias por Daniela Morgado