quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

coisas antigas.


ele disse-me tantas vezes que o céu era o limite. nada mais depois disso. dizia-o vezes sem conta enquando o dia se aconchegava nas costas da primavera ainda jovem. ria-me das suas palavras e contornava-o dizendo que não existiam paredes que aprisionassem a loucura do homem. abraçava-o com um sorriso rasgado pedindo-lhe um beijo e nada mais que um novo olhar sobre o infinito. depois partia.
ele disse-me tantas vezes que o céu era o limite. e de o dizer tantas vezes comecei a olhá-lo de modo diferente. o mar. o céu. a linha. e depois… talvez o nada. talvez as grades que encerravam os sonhos dos humanos. uma porta fechada para aqueles que tentam abri-la de noite quando as estrelas se lhes perdem nos olhos e o mundo lhes foge das mãos.
ele disse-me tantas vezes que o céu era o limite. abraçava-me depois e dizia que via o céu e o mar nos meus olhos e que o meu sorriso lhe despertava os sentidos. disse tantas coisas que mesmo não as dizendo me faziam corar. os seus dedos, leves sobre o meu rosto, eram segredos que guardava na alma.
ele disse-me tantas vezes…
ele disse-me e partiu.

[fotografia Daniela Morgado]

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

leves palavras.

quero desligar-me do que penso, para que nada me ocorra agora. inspirar a grandeza do vazio e experienciar a não existência de algo exterior a mim. amar o nada. a leveza.

sábado, 9 de janeiro de 2010

dias frios.


fotografia de Daniela Morgado