
O tempo agarra-se às paredes, faz estalar todos os pedaços de ti que esta casa ainda guarda. Consigo cheirar o teu cabelo pela manhã, quando em mim ainda tudo é sonho. E, agora que a Primavera faz avançar os corpos, tiro o pó das palavras que deixaste morrer em cima da mesa e guardo-as nesse beijo que ficou por dar.
As janelas estão baças desde aquele pôr do sol.
Não voltarei a ver outro sem ti.
Fotografia - Daniela Morgado