domingo, 5 de setembro de 2010

coisas antigas IV


Aqui a chuva morre na janela
num compasso agitado do tempo
e lá fora não há mais que
o frio cortante que esconde os corpos.

Os meus dedos escorregam por
aquilo que podia ser o teu nome
nos vidros embaciados.
Se lá fora te encontrasse,
talvez saísse por estas ruas cinzentas
só para abraçar o calor da tua presença.

Assim, deixo-me aqui envolta
em tudo aquilo que me lembra de ti…
Não, não aches estranho,
tudo o que me aquece em dias vazios
é o conforto das memórias que jazem nesta cama.
A tua imagem continua aqui ao meu lado
como uma alucinação constante,
uma droga para me esquecer
que talvez nunca voltes.

Se não me quiseres, não me digas.
Prefiro continuar a acreditar nas cartas de amor
com que me pintaste o corpo.


Daniela Morgado


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