quarta-feira, 19 de agosto de 2009

analogias na varanda I

Recosto-me na imagem do céu. A noite vai longa e nada mais que o som do vento se ouve. À minha frente, a imagem da rua é quase imperceptível; na varanda consigo ver apenas o recorte dos telhados dos prédios que se amontoam e, pouco acima estende-se o céu em meu redor. 
Deixo a cabeça cair para trás, lá em baixo pouco interessa. A esta hora talvez passasse um carro de hora a hora, um grupo de pessoas de regresso a casa ou, ainda, o velhinho que passeava o cão. Movimento...acordar. Não me interessa.
As nuvens correm rápido pelo céu, arrastam-me com elas. Arrastam mesmo. Sinto-me por instantes levitar da cadeira e seguir aquilo que grita, há muito, bem cá dentro. Longe, longe...ainda que por mera alucinação.
Distraem-me as árvores. O tilintar das folhas e os múltiplos verdes que surgem com as sombras. Rápido me recosto de novo. As nuvens ainda me prendem. Andam mais rápido agora, cobrindo por instantes as poucas estrelas que os candeeiros não conseguem ofuscar. E, ainda que apenas por segundos é como se um calafrio me corresse pelo corpo. O sustentar da respiração, mesmo que leve, o sentir que tudo o que nos apaixona fosse arrastado por grandes tempestades. Resta-nos o silêncio do instante, o inconsciente de um momento efémero e tudo aquilo que não se disse. São como farpas... mas as nuvens passam... como o tempo.

2 comentários:

  1. Não vejo o teu blog como local de deixar "selinhos" ou coisas do género, é sim um espaço de escrita fantástico... no entanto deixei uma pequena lembrança para ti no meu blog. Não precisas de publicar, continua sim a escrever!

    :)

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  2. e eu que sempre venho aqui!
    gosto de palavras como as tuas, como as que escreves e como as que me dizes, muito obrigada. gosto muito do teu espaço também :)

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